Por Carlos Arouck
O antipetismo refere-se ao sentimento de oposição intensa ao Partido dos Trabalhadores (PT), que ganhou força no Brasil a partir dos anos 2000, especialmente com escândalos como o Mensalão em 2005 e o Petrolão durante o governo Dilma Rousseff. Esse fenômeno alimentou a polarização política, dividindo o cenário em “petistas” versus “antipetistas”, e foi crucial para a ascensão de figuras como Jair Bolsonaro em 2018. No entanto, analistas e pensadores da direita brasileira, como Olavo de Carvalho e Kim Paim, criticam o anti-petismo como um problema estrutural para o próprio campo conservador. Eles argumentam que ele é superficial, reativo e insuficiente para construir uma direita ideologicamente sólida, levando a ciclos de decepção, dependência de narrativas econômicas liberais e falta de um projeto nacional autêntico.
O anti-petismo é visto como um “valor simbólico de classe” que uniu setores da sociedade contra o PT, mas sem aprofundar em alternativas ideológicas. Críticos apontam que ele se alimenta de discursos anticorrupção seletivos, focados no PT, enquanto ignora problemas sistêmicos da política brasileira. Para a direita, o risco é que o anti-petismo se torne um “refúgio dos incapazes”, como diria Olavo de Carvalho, criando uma oposição frágil que se contenta em reagir ao PT em vez de propor uma visão conservadora profunda. Isso resulta em alianças oportunistas, como com liberais econômicos da “Faria Lima” (centro financeiro de São Paulo), que priorizam privatizações e mercados em detrimento de valores nacionais e culturais. Discussões em fóruns como o Reddit reforçam que, embora justificável pela corrupção petista, o anti-petismo levou a uma direita ingênua, que elegeu figuras ineficazes e contribuiu para a instabilidade política atual. Analistas como Thomas Traumann destacam que a política brasileira ainda orbita em torno dessa dicotomia, limitando o debate a reações emocionais em vez de estratégias de longo prazo.
Olavo de Carvalho (1947-2022), filósofo conservador e influenciador da nova direita brasileira, via o antipetismo como uma armadilha que impede a direita de se fortalecer ideologicamente. Ele argumentava que ser apenas “anti-PT” é insuficiente, pois cria uma oposição fictícia, onde figuras são rotuladas como “de direita” apenas por contraste com o petismo, sem substância real. Em uma de suas frases mais citadas: “O antipetismo é o primeiro e mais fácil refúgio dos incapazes.” Olavo alertava que remover o PT do poder traz alívio temporário, mas não resolve problemas profundos, como a influência de elites econômicas liberais que entregam o país via privatizações clientelistas.
Em contextos mais amplos, Olavo criticava a direita por não construir uma base intelectual sólida, reduzindo-se a reações emocionais contra a esquerda. Ele influenciou movimentos como o de Jair Bolsonaro, mas alertava que sem formação ideológica profunda, a direita se tornaria irrelevante, presa a personalismos e brigas internas. Para ele, o PT representava um projeto de poder que subverte instituições, e a direita precisava de uma contraestratégia cultural e política, não apenas antipetista. Olavo defendia que “não existe direita no Brasil, existe Bolsonaro”, mas enfatizava que até líderes como ele precisavam transcender o anti-petismo para evitar ciclos de fracasso. Seus seguidores, como em posts recentes, reforçam que não basta ser antipetista: é preciso ser anti-liberal, conservador e ter um projeto nacionalista para o Brasil. Críticos dentro da direita, porém, apontam que o próprio Olavo contribuiu para um “culto à personalidade” sem legado organizado, agravando a fragmentação.
Kim D. Paim, jornalista e comentarista conservador com grande presença nas redes (cerca de 1,7 milhão de seguidores no X), ecoa críticas semelhantes ao anti-petismo, frequentemente citando Olavo de Carvalho. Em um post recente (26 de agosto de 2025), ele compartilhou uma análise baseada em uma conversa de Olavo de 2006, onde o filósofo profetizava ciclos repetitivos com “governadores democráticos” vistos como de direita apenas por oposição ao PT. Kim destaca a “ficção jurídica” desse arranjo, que entrega o país a elites financeiras via privatizações, e critica a “cegueira deliberada” de quem prioriza derrotar o PT acima de tudo, ignorando máscaras que caem depois. Para ele, isso perpetua decepções na direita, como visto com figuras como Geraldo Alckmin, que se aliou ao PT.
Kim Paim é conhecido por dossiês e análises críticas ao establishment, posicionando-se como antipetista, mas alertando que a direita precisa ir além para evitar ser manipulada. Seus conteúdos, como vídeos e posts, enfatizam que o foco exclusivo no PT cria uma união superficial na “didireita” (direita unida), que varre problemas para debaixo do tapete. Fãs e perfis dedicados a ele, como cortes de vídeos, amplificam essas ideias, reforçando que o anti-petismo é um problema porque não constrói uma oposição duradoura.