Humano fora dos ringues, com defeitos e contradições, sobre-humano dentro dele. Ninguém aliou genialidade e talento dentro de um cage como o menino paulista criado em Curitiba pelos tios e que era fã do Homem-Aranha e sonhava ser policial.
Nenhum outro também colecionou tantos momentos icônicos, apresentações geniais ou nocautes memoráveis.
O lutador que fez os torcedores vibrarem em suas apresentações como se estivessem assistindo a jogos do Brasil em Copa do Mundo, e que transformou e consolidou o MMA como uma verdadeira paixão no país, reescrevendo a história do esporte, colocou, neste sábado, em Las Vegas, um ponto final no último capítulo da sua carreira no UFC.
Aos 45 anos de idade, Anderson não teve a despedida que sonhava ou merecia. Sem a presença do público que o idolatrava, e tendo diante de si o jamaicano Uriah Hall, nove anos novo, o Spider foi superado no quarto round, sofrendo o nocaute técnico a 1m24s de luta.
Emoção e desculpa
Logo após o final do evento, em conversa com os jornalistas presentes na cobertura do show, Hall tratou de explicar a mistura de sentimos que atravessaram sua mente ainda no cage. Afinal, o atleta nunca escondeu a admiração que nutre por Anderson, o que tornou ainda mais difícil a missão de encarar o maior nome da história da divisão dos pesos-médios (84 kg).
“Eu disse que sentia muito por nocautear ele. Me senti mal”, narrou Hall, com a voz embargada. “Indo para esta luta, tive muitas emoções. Todos nós sabemos que ele é durão. o que ele fez pelo esporte. Um cara como eu que foi inspirado por ele quando tinha 22 anos. Foi difícil separar essas emoções e lutar com meu ídolo. E bater nele e acabar com ele. Foi estranho”.
Apesar da vitória, o jamaicano fez questão de elogiar o desempenho do adversário, justamente por conta do fator que fez de Anderson um ícone do esporte: sua capacidade de improvisar. Mesmo mais lento do que em seus anos áureos, o ‘Spider’ surpreendeu com combinações de golpes da média e curta distância que por vezes obrigaram Hall a andar para trás.