Direto de Clarksdale, Mississipi-EUA
A viagem saindo da cidade de Kissimme, no dia 15 de março, até Pensacola, na orla do Golfo do México, foi linda, exceto porque no meio do caminho abastecemos em um posto de gasolina, daqueles que usam a bandeira da Shell, e fomos extremamente lesados. A bomba de gasolina estava adulterada e ao invés de nos cobrarem os 25 dólares que pusemos de combustível, cobraram 125 dólares.
Como diria Zeca Baleiro, “fiquei mais triste que um goleiro na hora do gol”. Misturei emputecimento com tristeza, pesquisei no Google o endereço eletrônico da SHELL EUA e enviei um e-mail a eles, contando a história e que aquela postinho de beira de estrada estava tentando sujar a bandeira de uma empresa secularmente honrada. Felizmente, Lily havia tirado foto do visor da bomba e do valor pago, apenas porque os dois “bestas” aqui estavam se divertindo com a própria ignorância de ter que abastecer o carro por conta própria, o que é comum nos EUA. Enviei as provas pelo e-mail.
Apenas 2(dois) dias depois recebi resposta da Central de Atendimento da Shell nos EUA. Eles devolveram os 125 dólares em conta bancária, mantendo a honra da empresa. Aliás, pagaram até a gasolina que gastamos. Ficamos gratos e avisei que os mencionaria em alguma crônica, pelo atencioso e honroso atendimento, com a mesma veemência que mencionaríamos termos sido vítimas dos malditos golpistas estelionatários que em qualquer lugar do mundo existem para lesar a boa-fé alheia e cujo nome e endereço os havíamos enviado por e-mail.
Em Pensacola, no Golfo do México, pernoitamos do dia 15 para 16 de março. Na fria manhã do dia seguinte saímos da Flórida para Nova Orleans, viagem que dura entre 3 e 4 horas. Neste período atravessamos a linha divisória com o estado do Alabama e deste com o Mississípi, até chegarmos na Louisiana.
Foi uma noite chuvosa no ameaçador Golfo do México, a da véspera de nossa partida. No dia 15 acordamos com o firme intuito de “desembarcar” na linda New Orleans, cantada e descrita de forma tão lírica por Randy Newman, em sua extraordinária música “Louisiana 1927” e por The Animals, em sua música que virou uma espécie de hino universal: “The House of the Rising Sun”.
“The House of the Rising Sun” marca de tamanha forma a história do Rock’n’Roll que foi literalmente regravada por dezenas de cantores norte-americanos, inclusive pelo “Fantasma de Johnny Cash”(The Ghost of Johnny Cash), além de tocar o coração de milhões de pessoas ao redor do Globo, que dela fizeram versões em idiomas vários.
Quando chegamos na exata divisa entre o Mississípi e a Louisiana senti arrepios pelo corpo todo. Não porque a cidade de Nova Orleans é considerada a mais assombrada dos EUA; não porque o estado tem vínculo histórico com o Voodoo; talvez, um pouco pela história dos furacões que vêm do Golfo do México e são altamente destruidores, acima de tudo meus arrepios vinham daquela sensação que a gente tem quando finca a bandeira na Lua ou no topo do Everest de alguns de nossos sonhos e de novas janelas de mundo que se abrem diante de nós.
Como escritor amo o princípio da fidelidade geográfica, conhecer os lugares pelos quais meus personagens caminham sua jornada humana de realizações, onde vivem seus piores perrengues e decidem confundir seus sonhos com a própria vida, para viver e morrer.
Como o músico Doctor Judi, amo escrever músicas com poesia, que contam histórias, que protestam com veemência, embasadas em pesquisas, as que nascem na fronteira de loucura e da lucidez com alguma fagulha de passado, presente ou futuro. Algo que seja duradoura e não mera chuva fina que fecha verão…
Curtimos a estrada como se cada metro fosse meu destino e de Lily. Chegamos a Nova Orleans por volta das 14:30h, passamos no Walmart para comprar mantimentos e economizar no airbnb, além de termos maior autonomia para os deslocamentos pela cidade e locações em que começaríamos a gravar um dos documentários que já roteirizados.
Acordamos no domingo, fizemos nosso café da manhã e vimos que chovia forte. Como tínhamos por contrato devolver o carro na locadora situada no Aeroporto Internacional Louis Armstrong até as 11h, botamos o Mazda cor de burro quando foge para rodar. A chuva se intensificou de tal forma que, o que era dia repentinamente pareceu noite densa. Quando chegamos na icônica ponte de Nova Orleans ficamos com a impressão que um Tornado se formaria e jogaria os carros, inclusive o nosso, no Rio Mississípi, à semelhança daquelas vacas que voavam no filme TWISTER, de 1997, roteirizado por Michael Crichton. Eu e Lily avançamos com medo e tudo e em meio à tempestade chegamos na locadora. Ali, recuperando da sacudida das placas tectônicas de nossa coragem, ouvimos da atendente que aquela chuva às vezes prenuncia tornados. Comi um docinho que eles oferecem gratuitamente na recepção e no calorzinho do abrigo esperamos a chuva passar.
Com a redução do volume de água que caía do céu, como se o Globo estivesse de cabeça para baixo e o mar gotejasse sobre nossas cabeças, felizes voltamos para o airbnb, para reagrupar, revisar o roteiro e colocar o pé nas ruas de New Orleans, agora utilizando o UBER. Foi aí que STEPHANIE entrou em nossas vidas com sua história de arrepiar, de fazer chorar, e entender que em New Orleans é possível morrer e ressuscitar algumas vezes…
Continua no próximo domingo.
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